No ambiente trabalhista, a habilidade de adaptar a comunicação conforme o interlocutor é essencial. Empresas enfrentam desafios diários que envolvem desde o contato direto com seus colaboradores até a defesa em processos judiciais. Assim, compreender as diferentes nuances de cada tipo de interlocutor, seja cliente, juiz ou outra autoridade, torna-se uma vantagem competitiva significativa.
1. A Comunicação com o Cliente: Clareza e Transparência
Os clientes – internos e externos – são a base de qualquer negócio. No contexto trabalhista, a comunicação com os colaboradores (clientes internos) exige transparência e objetividade. Estes, por vezes, não estão familiarizados com termos técnicos legais, e por isso, é crucial evitar jargões. Utilizar uma linguagem simples, mas profissional, traz confiança e segurança, principalmente em temas sensíveis como acordos, rescisões contratuais e direitos trabalhistas.
Além disso, ao lidar com clientes externos (outras empresas), é essencial adotar uma postura consultiva, oferecendo orientações claras e eficazes sobre temas complexos, como adequações às mudanças na legislação trabalhista e estratégias para prevenir litígios. Proporcionar informações detalhadas e de fácil compreensão reduz incertezas e constrói uma relação de confiança.
2. A Comunicação com o Juiz: Técnica e Respeitosa
Quando a questão trabalhista evolui para o âmbito judicial, o discurso muda. Aqui, a precisão técnica e o respeito ao rito processual são indispensáveis. O juiz, ao contrário dos colaboradores ou clientes externos, possui profundo conhecimento jurídico. Por isso, a linguagem utilizada deve ser clara, mas altamente técnica, fundamentada em normas e precedentes legais.
Um dos grandes desafios ao se comunicar com juízes é manter o equilíbrio entre o formalismo jurídico e a persuasão. Argumentos bem estruturados e baseados em evidências são mais eficazes do que discursos retóricos. É importante destacar fatos objetivos, sem exageros, e estar preparado para responder a questionamentos com serenidade e domínio técnico.
3. A Comunicação com Outras Autoridades: Formalidade e Estratégia
No âmbito trabalhista, há também a necessidade de interação com autoridades administrativas, como auditores fiscais do trabalho, procuradores do Ministério Público do Trabalho, entre outros. A comunicação com esses interlocutores exige uma abordagem formal e estratégica. É importante entender o papel da autoridade em questão e adaptar a comunicação para expor os fatos de maneira coerente e fundamentada, sem perder de vista o respeito às normas.
Para as autoridades administrativas, a clareza na exposição dos fatos e a demonstração de conformidade com as obrigações legais são fundamentais. Ser direto, fornecer documentos comprobatórios e apresentar soluções para eventuais inconformidades podem facilitar um diálogo mais produtivo e, em muitos casos, evitar sanções ou penalidades.
Concluindo, a capacidade de adaptar a comunicação é uma habilidade essencial no cenário trabalhista, especialmente em um contexto onde múltiplos públicos estão envolvidos. Desde a informalidade prática necessária no contato com os colaboradores até o rigor técnico demandado no trato com o judiciário, saber como moldar o discurso conforme o interlocutor é uma arte que beneficia a empresa em diversas frentes.
Afinal, a comunicação eficaz não só previne conflitos como também constrói uma imagem de profissionalismo, credibilidade e confiança.
ARIADNE FABIANE VELOSA CAVALCANTI
Advogada Trabalhista