Em mais de duas décadas atuando como advogado empresarial no interior de São Paulo, um princípio sempre norteou a prática do nosso escritório: enfrentar os desafios com virtude e resolvê-los de maneira eficaz. A advocacia, sobretudo no universo empresarial, não se limita a analisar problemas sob a lente da lei, mas envolve coragem e compromisso em buscar soluções que fortalecem as relações entre empresas, colaboradores, autoridades públicas, meio ambiente e a sociedade civil. Inspirado em reflexões compartilhadas por um professor que admiro muito, Professor Cesar Bullara, em uma publicação no LinkedIn sobre “A Verdade”, quero destacar como tal palavra, enquanto conceito universal e pragmático, pode ser uma aliada essencial na caminhada do profissional relevante.
A atuação jurídica empresarial exige mais do que o domínio técnico do Direito. Exige honestidade intelectual e ética prática, alicerces que se firmam na busca incessante pela verdade. Destaco quatro pontos levantados pelo professor Bullara, adaptando-os ao contexto empresarial:
A Verdade É Objetiva, Mas Percebida Subjetivamente – As questões jurídicas frequentemente envolvem múltiplas interpretações. Como advogados, devemos lembrar que a verdade jurídica é objetiva – é a essência das leis e fatos, mas cada parte a percebe à luz de suas próprias experiências e momentos de vida.
A Verdade Liberta – Quando apresentamos fatos e posicionamentos de maneira honesta e direta, garantimos aos nossos clientes a liberdade para tomar decisões conscientes e acertadas. Essa liberdade os protege de escolhas baseadas em ilusões ou expectativas irreais, promovendo estabilidade em meio a disputas.
A Verdade É Descoberta, Não Criada – Como profissionais envolvidos na rotina empresarial, devemos reconhecer que nossa função não é “criar” versões convenientes, mas sim desvelar, descobrir e demonstrar o que está em conformidade com a realidade em si e buscarmos o melhor caminho para solucionar problemas ou disputas advindas de interpretações divergentes.
A Busca Pela Verdade Requer Racionalidade e Humildade – Lidar com questões jurídicas empresariais de maneira eficaz exige racionalidade na análise e humildade para rever convicções em favor do melhor caminho para a atividade empresarial. Isso nos obriga a ouvir não apenas quem representamos, mas também contrapontos das outras partes interessadas, alcançando uma análise racional e verdadeira do fato e de suas consequências.
Tenho compreendido, em minha caminhada profissional, que as empresas não prosperam sozinhas. Sua força está nas redes de relacionamento e no como se relacionam com colaboradores, clientes, fornecedores, parceiros, sócios, investidores e sociedade. Trazer “a verdade” para o centro das práticas jurídicas empresariais, sem dúvida alguma, é um gesto que reverbera positivamente em todas essas relações e se acumula de forma a consolidar, cada vez mais, a base estrutural da empresa.
Enfrentar problemas na rotina empresarial com clareza e virtude fortalece, enquanto esquivar-se, ocultá-lo ou abordá-lo de forma superficial enfraquece. Gosto muito de indagar os colaboradores envolvidos em problemas levados ao jurídico se nossa decisão reflete o que é correto para a empresa, com base em sua história e seu futuro, ou apenas o que é conveniente para aquela pessoa ou momento? Se estamos dispostos a ouvir perspectivas diferentes para enriquecer nossa análise do caso? Se estamos agindo em defesa do que verdadeiramente é bom para a empresa ou simplesmente preservando interesses e aparências? Vale a reflexão.
Finalizando, acredito muito que o bom profissional, ou seja, aquele que gera valor verdadeiro com suas ações, deve construir posições verdadeiras bem estruturadas, o que, ao meu ver, só é possível enfrentando desafios de forma virtuosa e eficaz, como o professor Bullara tão bem pontua ao associar a verdade à liberdade e à evolução.
Esse é o espírito que o escritório que represento orgulha-se por trazer sempre para o centro das operações diárias. Os problemas enfrentados jamais serão simples tarefas, mas sim, um compromisso em agir com virtude na busca da sustentabilidade da empresa. Assim, termino com uma premissa que, quem me conhece, está cansado de escutar: Não interessa a construção de histórias para justificar problemas, devemos enfrentá-los com coragem, sabedoria, verdade e repassar o aprendizado como exemplo.
Que a verdade seja sempre o norte para a tomada de decisões. Afinal, a verdade não paralisa, liberta.